Pela primeira vez, ganha corpo no Congresso brasileiro o lobby realizado pelas big techs para privilegiar seus interesses na (des) regulamentação da internet. A denominada Frente Digital foi criada em 2019 para discutir tecnologia e inovação no Congresso, e já conta com 204 deputados e 12 senadores.
A primeira manifestação de poder político de empresas como Google, Meta, TikTok e Twitter foi a pressão sobre o presidente da Câmara dos Deputados para segurar a tramitação do PL 2630, o PL das Fake News, além de apresentar sugestões que afrouxam regras das plataformas, justificadas sob o argumento de promover “inovação”, “democracia” e “segurança jurídica”.
No entanto, a Frente já havia atuado de forma mais discreta para a aprovação do PL 21 de 2020 na Câmara, agora em trâmite no Senado, que trata do uso de inteligência artificial. O projeto torna praticamente impossível a responsabilização de empresas por danos provocados pela utilização da tecnologia, como reconhecimento facial incorreto ou discriminação racial.
Seguindo modelos de influência política usados pelo agronegócio, por exemplo, a associação de big techs com parlamentares pode ser muito mais preocupante do que os clássicos grupos de looby. Isso porque esses grupos controlam, hoje, grande parte do fluxo de informações dentro da sociedade, podendo interferir de forma inédita no processo eleitoral, representando um grande risco democrático.
Seguiremos acompanhando.
Fonte: A Bancada do Like: Google e Ifood se inspiram em ruralistas e montam tropa de choque no Congresso – The Intercept Brasil | @theinterceptbrasil
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