Um dos maiores clássicos do século XX, 1984 descreve um futuro distópico de supervigilância estatal. O cenário foi imaginado por George Orwell em 1948, no tenso momento pós-guerra, em que o totalitarismo assombrava o mundo.
A pertinência da (re)leitura dos clássicos está na constante transformação de seu significado a partir das modificações sociais e tecnológicas. 1984 é constantemente lembrado em razão da precoce e precisa previsão sobre a forma com que as tecnologias seriam utilizadas para nos vigiar, caracterizando, atualmente, a era da ‘’new surveillance’’, como enfatiza Shoshana Zubov.
Assim, a discussão vai além do Estado, pois com o surgimento das big techs, tem-se uma nova influência mercadológica e social agigantada.
“Big Brother is watching you”, a icônica frase do livro, revela um estado de constante vigilância, mas também pretende passar uma ideia paternalista, sendo traduzida em algumas edições como “O Grande Irmão zela por ti”. O preço da segurança é a total entrega das liberdades individuais.
Outro relevante aspecto da obra diz respeito à capacidade de Estados autoritários de promover a alteração da verdade, reescrevendo a história e invertendo valores básicos da sociedade. A coerência do discurso torna-se dispensável. Se o Grande Irmão diz que 2 + 2 = 5, essa é a verdade e nada mais importa.
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