Hoje, o Cyber Literatura traz o conto "Funes, el memorioso", do argentino Jorge Luis Borges, publicado pela primeira vez em seu livro Ficciones, de 1942.
Borges retrata a história de, Irineo Funes, jovem de 19 anos, que devido a um grave acidente, torna-se paralítico. Sem esperança de voltar a andar, sofreu também uma perda momentânea de memória, porém ao recobrá-la, ela se encontrava extremamente rica e nítida, pois ele podia se lembrar de tudo: imagens, sensações, sons, cheiros, de toda a sua vida, nos mínimos detalhes.
Esse indivíduo perdeu a capacidade de síntese na medida que adquiriu uma grandíssima capacidade de memória. Para Funes, a recuperação dos acontecimentos passados é feita de forma serial e descritiva e sua capacidade de generalização é nula. Funes é o exemplo extremo da capacidade de reunir uma quantidade desorbitada de informações unida a uma ausência de capacidade de síntese.
"Havia aprendido sem esforço o inglês, o francês, o português, o latim. Suspeito, contudo, que não era muito capaz de pensar. Pensar é esquecer diferenças, é generalizar, abstrair. No mundo abarrotado de Funes não havia senão detalhes, quase imediatos."
Por isso, questiona o autor se Funes seria capaz de realmente pensar, de abstrair, o que nos leva a reflexões sobre o excesso de informações no mundo em rede, em que dados minuciosos estão disponíveis para qualquer um a todo momento.
Fique atento a nossas próximas indicações literárias!
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